"Choque Anafilático Poético" de Edu Poerner
O livro “Choque Anafilático Poético” do autor Edu Poerner compõe uma coletânia de poesias que divide-se em dois pedaços: “amor” e “reflexões”. O livro explora, basicamente, o amor e suas várias facetas, sentimentos que estão relacionados ao tema principal, numa tentativa de passar seus sentimentos para a folha e descrevê-los em palavras em um bom conjunto de poesias.
É um bom tema para se explorar, afinal, é uma das coisas mais almejadas pelo ser humano em sua busca máxima pela felicidade. Muitas pessoas escrevem sobre este mesmo tema: desde poesias mais simples, corriqueiras, ou mais complexas e enigmáticas; a forma não importa tanto, o que vale, nesse tema , é a realidade e profundidade das palavras e do sentimento que se deseja passar; essa profundidade é geralmente se passa pela forma pela qual as palavras estão dispostas no verso, na rima, na escolha de palavras que serão usadas. Isso tudo importa demais na construção [principalmente] desse tipo de poesia.
Deve sempre haver uma harmonia entre essas coisas para se criar uma poesia digna de ser dita uma “autêntica representação dos sentimentos amorosos do autor”. Isso que diferencia a poesia amorosa das outras: o sentimento que é colocado nelas por meio das palavras.
Em poesias, a crítica deve ser moldada em padrões um tanto diferentes. As coisas as serem observadas devem ser outras; costumo, sempre que pego uma poesia para ler, observar a quantidade palavras repetidas, a variação de palavras, ritmo e outras.
Logo nas primeiras poesias notei uma falta de ritmo; esse ritmo ajuda muito na construção da poesia. É estranho você tentar recitar uma poesia sem um certo ritmo, pois sente essa estranheza. Eu recitei algumas nos momentos vagos, tentando encontrar um ritmo; em algumas, consegui. Já em outras, não. Esse ritmo seria criado, por exemplo, rearranjando algumas palavras da poesia. Abaixo está um exemplo:
Tuas doces palavras meu coração alegrou
E tua carícia acalentou o meu corpo
E a minha alma, os teus beijos
Bem, deixo implícito que é apenas uma sugestão de uma forma simples e um tanto rústica de criar uma rima suave e leve para o texto.
Esse ritmo também poderia ser dado simplesmente com uma vírgula, um ponto-e-vírgula. Vale lembrar que esses sinais de pontuação representam uma pausa, seja ela pequena ou maior na nossa fala, por exemplo. O mau uso de algumas vírgulas atrapalha o ritmo, tal como o ponto-e-vírgula e o ponto final. Senti falta de algumas conjunções coordenativas (em particular a conjunção “e”) em alguns textos, que poderia ajudar nessa questão, e muito.
As poesias costumam se valer de versos para dar uma separação ao texto, e acabam por não usar tanto as vírgulas, pois estas quase são uma separação entre um o que, de outra forma, seria um verso e outro – logo abaixo. Há vários casos em que se usa também. Se usar os dois e não souber como usar, pode-se enrolar e estragar o que seria uma bela poesia, e impedem o escritor de passar o sentimento desejado, que é outro problema que tratarei logo abaixo.
Senti falta de um sentimento no texto, em alguns momentos senti apenas uma superficialidade nas poesias sobre o amor. Naturalmente, desconheço os motivos que inspiram o autor a escrever tais poesias; em algumas consegui notar esse sentimento nas suas palavras (Vem andar Comigo, Stand By Me e Flor Californiana), e noutras (Astros e Acasos e Virtude de Poucos), não. É como se você estivesse escrito algumas poesias sem sentir, de fato, aquilo. Ou estivesse sentindo outra coisa no momento em que as tivesse escrito. São apenas algumas suposições de várias opções.
Bem, vi que há potencial; passou pela nossa regra de duas horas de leitura. Não é uma poesia ruim; pode melhorar – e muito. São poucas as coisas que requerem um melhoramento. Seu vocabulário é bom, e simples. Não digo que usar palavras que tornem o texto mais complexo seja ruim; o uso de palavras mais ajuda muito na compreensão do livro por parte do leitor, nada mais. Torna mais fácil. Porém, não deve correr dessas palavras só pelo fato de serem “menos ditas” ou “menos conhecidas” no vocabulário das pessoas, ok? No geral, eu daria uma nota um pouco abaixo da média pois senti que há possibilidade de melhoramento.
Resenha de: The Blake