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"FÁBULA DAS FÁBULAS", DE GUSTAVO POZZATTI

 

            Dei-me o desafio de ler e resenhar uma obra de poesia. Conteúdo este que não admiro há tempos. Qual não foi minha surpresa ao perceber que não era em formato estrito de poemas? E que ainda conta com um prefácio em tom poético e sentimental.

 

            A obra curta, 71 páginas, dispõe de contos e poesias sobre a história de seres não-humanos, geralmente, e seus desentendimentos consigo próprios. Explico.

 

        O autor utiliza animais não-humanos – e mesmo uma árvore! – para apresentar suas temáticas a respeito da reflexão de valores, normas sociais, sentimentos, emoções.

 

Sobre as personagens

 

            As personagens são parcamente descritas e rudemente delineadas, mas penso que não seja um ponto negativo. Aparentemente o intuito do autor não era escrever uma obra que evoluísse uma trama, mas que indicasse direções para o leitor, não na vida da personagem. A personagem é um “atalho” para a trama, não a trama em si – se é que posso falar em “trama” (não posso, mas gosto de pensar que sim e justificarei abaixo).

 

Sobre o potencial do autor

 

            Não tendo o que relatar sem arruinar a cadência lírica da obra – eu sou rude, mas admirei a singeleza do autor – a respeito dos personagens, passo ao autor.

 

            Ele escreve de uma maneira pedagógica, eu diria. Explico.

 

          Diferente de outros livros que há recursos para deixar em suspensão uma cena, o autor nesta obra encadeia prosa-poema-prosa entre temas que ocorrem entre si. Claramente levando o leitor a lembrar-se, na poesia, da prosa/conto que a precedeu. Recurso excelente na escrita científica que tantos discentes tem dificuldade em conseguir. Gustavo conseguiu isto entre prosa e poesia – juro que tento ensinar isto, mas não é uma habilidade simples de ser adquirida.

 

            Isto mereceu nota 5, numa escala de 0 a 5.

 

            Contudo, minha nota final é 3. Explano.

 

            Apesar da excelente motivação e alegoria utilizadas na prosa, os poemas são simples, com rimas previsíveis e, algumas vezes redundantes. Recomendo maior treino na categoria poesia ao autor.

 

         Acrescento que encontrei erros de concordância verbal, nominal e verbo-nominal durante as prosas. Bem como numeração ao final de alguns poemas. Sugiro uma revisão meticulosa para dirimir esta problemática.

 

Cuidados e medos

 

          Só devo acrescentar que a classificação da obra é Fábulas. Desta forma, o leitor pode ficar atento a cada capítulo que contem uma história de uma personagem e seu aprendizado – que parece o enfoque principal.

 

            Adiciono, por fim, para não menosprezar a problemática da personagem – sugiro leitura atenta de “A árvore que seca” – que é descrita de uma maneira tão simples que parece algo corriqueiro, mas não o é. É denso e profundo – sentimentalmente.

 

Resenha de: A.R. Fonseca

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