top of page

"Noturna e Outros Poemas" de Cláudio Duffrayer

 

A minha visão geral sobre o livro é a seguinte: adorei o livro todo, apesar de que, admito, não estou acostumado com livros poéticos, ou seja: é uma experiência um tanto nova para mim. Pelo que notei na leitura, a maior parte das poesias tratam de temas um tanto obscuros, mas também há sobre o amor, a solidão e outros tópicos. Somados estes temas com uma narrativa um tanto mais complexa, é um convite para refletir sobre os temas tratados.

 

Achei curiosa a forma pela qual são infatizadas algumas palavras, seja usando a letra maiúscula, o ponto de exclamação, versos pequenos e impactantes. Isso torna a interação do autor com os sentimentos que se deseja passar maior, é uma grande técnica de escrita.

 

À primeira vista, a maior parte dos poemas do livro me lembra - em menor escala, notavelmente - o estilo parnasianista. Notei também que estes poemas costumam ser maiores - apenas exemplificando, menciono Cobra-Coral e Escuridão e Palidez, que acho necessário mencionar, foram os dois que eu simpatizei de primeira - com parágrafos mais longos, o que não é muito típico de nenhum estilo em específico, acho. Torna interessante a leitura porque é algo que não é muito visto. Geralmente as poesias são menores, e quando são maiores costumam ter uma quantidade maior de versos, como é o caso do poema Os Sapos, de Manuel Bandeira.

 

É uma característica própria, sem muitas influências de outros poetas. E não torna cansativo, o que é surpreendente. É meio que uma regra invisível – ou instintiva - que delimita a quantidade de linhas que cada verso deve ter, o que se limita a duas linhas, no máximo três.

 

O vocabulário é louvável, por isso citei o Parnasianismo. Há uma boa variação de palavras, e as palavras que são um pouco mais repetidas são propositais, pelo que vi.

 

É interessante a forma com a qual o autor brinca com as palavras, rimando e pondo frases iguais ou parecidas, alternando um único termo da frase. Praticamente não encontrei erros gramaticais, e isso evidencia um bom domínio do Português.

 

Porém, acho necessário mencionar que se deve ter cuidado com o uso de palavras pouco usadas, isso torna difícil a compreensão do texto, e cansa a leitura, pois o leitor quase sempre não pega um dicionário para ver o significado das palavras. Uma dica é por o significado no próprio livro caso ache que se trocar as palavras vai alternar o sentido daquilo que quer passar com o poema.

 

Fazer poesia é brincar com as palavras; o autor sabe brincar com elas, isso é bom. É mais fácil, mas por outro lado é mais difícil. Cheio de signifcados obscuros e um tanto invisíveis, por vezes passam despercebidos a nós. E isso exige uma compreensão maior por parte do leitor, o que o motiva a pensar mais sobre aquilo que a poesia trata. A refletir. Imaginar. Tentar descobrir qual é a realidade que o mesmo quer passar naquelas palavras.

 

Continue assim, está indo por um bom caminho; só tome cuidado mesmo com essa situação da compreensão do texto por parte de seus leitores. A leitura, para ser prazerosa, deve ser de fácil compreensão. Nós, escritores, sabemos exatamente o que queremos passar, e passamos isso por meio das varias palavras que dispomos, mas não podemos esquecer do leitor, pois ele é nosso alvo. Se ele não compreender o texto, esse texto em nada lhe acrescentará.

 

Acredito que não preciso expressar minha ideia de todas as suas poesias com um valor numérico, né?

 

Resenhista: The Blake

bottom of page