"A Pedra Celestial" de Daniel Monteiro
Título: A Pedra Celestial
Autor: Daniel Monteiro
Gênero: fantasia, infanto-juvenil
Sinopse: Após anos do desaparecimento do homem sem signo, Ivan, um jovem errante que esconde seu passado se une à tripulação do Capitão Balboa numa viagem marítima em busca de riquezas escondidas. Superando diversos obstáculos, a longa viagem finalmente leva os marinheiros até Namal-te-Raan, uma ilha misteriosa e tropical, cujos segredos são mais valiosos que qualquer moeda de ouro ou prata. Acompanhe Ivan na aventura que revelará toda a história de como o mundo foi privado do seu equilíbrio natural desde épocas imemoriais e descubra a importância e a razão da existência do maior de todos os enigmas: a Pedra Celestial.
Ivan é o novo marinheiro da tripulação de Capitão Balboa e está fazendo sua primeira grande viagem para a misteriosa ilha de Namal-te-Raan, aonde poucos conseguem chegar. A ideia era procurar tesouros e riquezas, porém, o que eles não sabiam era que a ilha possuía habitantes, os quais são bastante hostis com forasteiros, e logo todos os integrantes da tripulação de Balboa estão rendidos e presos, sendo levados a julgamento. Ivan, porém, consegue escapar, e foge prometendo retornar com ajuda. Entretanto, ele desconhece a ilha e logo se perde, sendo capturado junto da nativa que o perseguiu, Nora-Celtah, por misteriosas criaturas que se assemelham a monstros.
A partir desse ponto, o livro foca em Ivan e em suas aventuras em Namal-te-Raan. Ele aos poucos se envolve com os nativos, conquistando sua confiança (especialmente a de Nora-Celtah) e ajudando-os a resolver seus problemas conforme aprende mais sobre sua cultura e sobre os estranhos e misteriosos artefatos mágicos que guardam.
A Pedra Celestial é um livro que traz ação do início ao fim, com uma escrita simples e fluída que prende o leitor, sem se ater a detalhes desnecessários. As descrições são curtas e objetivas e se intercalam com a ação, ajudando na fluidez do texto, apesar de em alguns trechos eu ter sentido que o autor não conseguiu fazer com que transmitissem o sentimento desejado.
Foi criado um mundo totalmente novo, mas a ação não é interrompida para apresentá-lo; a maior parte do que sabemos sobre esse mundo vem dos personagens, o que achei pertinente, uma vez que o ambiente também é novo para o protagonista. Além disso, poucos detalhes são dados (é apresentado somente aquilo que será usado na história), e isso é feito conforme a história avança, criando o mistério do livro e despertando a curiosidade do leitor.
Os capítulos longos são divididos em subcapítulos, e a narrativa no presente é intercalada com trechos que se passam no futuro. Estes no início me confundiram um pouco — pensei que se tratassem de flashbacks — mas em determinado ponto do livro é possível entender em que ponto da linha do tempo têm lugar e qual a sua importância para a história.
Em relação aos personagens, porém, o livro me decepcionou um pouco; eles em sua maioria não têm uma personalidade bem definida. Senti que, mesmo para uma história voltada para o público mais jovem, ao menos alguns dos personagens mereciam ser melhor trabalhados. Muitas vezes o autor não conseguiu transmitir ao leitor o que o personagem sentia em determinado momento, fosse raiva, admiração ou luto.
A trama, ainda que simples a princípio, apresentou duas grandes reviravoltas. O autor soube utilizar os elementos de forma a mostrar que nem tudo é o que parece, o que contribuiu para trazer uma surpresa mais para o final do livro e se constituiu no tema central do livro. Ademais, isto trouxe um equilíbrio que julguei ideal para uma história juvenil: a trama é simples, mas ao mesmo tempo não totalmente previsível. A linha do tempo, porém, ficou um pouco confusa; a história em dois momentos salta anos à frente e, embora isso logo seja explicado, o leitor demora um pouco para se situar.
O final traz bastante ação e um desfecho satisfatório. Apesar disso, em algumas cenas faltou um pouco de elaboração. Os conflitos foram de fácil resolução e faltou, ainda, um pouco de emoção, algo que fizesse o leitor temer pelos personagens e se envolver um pouco mais com os acontecimentos. Por outro lado, tudo foi bem explicado, e de maneira simples e fluída, como em todo o restante do livro.
Avaliação da L. H. Felagund: (0-5)
Linguagem e estilo: 3,0
Personagens: 2,0
Trama: 3,0
Originalidade: 3,0
Total: 2,75